Os homens e a terapia
- Eduardo Martins

- 1 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de jun. de 2023
No que diz respeito ao início de um processo terapêutico, é notável como os homens geralmente encontram dificuldades em buscar terapia e em aceitar que estão vivenciando algum tipo de sofrimento psíquico. Não é incomum que os homens cheguem em sua primeira sessão apenas após muita insistência de seus amigos ou de suas(eus) companheiras(os).

Tais impedimentos geralmente estão interligados às normas e expectativas sociais envolvendo a masculinidade. O conceito hegemônico de masculinidade está associado a valores como força, invulnerabilidade e a não demonstração de sentimentos, criando uma barreira para que homens possam se expressar abertamente sobre seus sofrimentos e vulnerabilidades e buscar a ajuda profissional que necessitam.
Os homens frequentemente são ensinados desde muito cedo a acreditar que demonstrar emoções ou admitir problemas de saúde mental são um sinal de fraqueza. Tal situação leva-os ao medo de ser julgado ou rotulado como "menos homem" por colegas, amigos ou familiares. Como resultado, acabam por reprimir seus sentimentos e sofrer em silêncio, agravando seus problemas de saúde mental e impedindo-os de buscar ajuda profissional.
Além disso, tal conjuntura coíbe a criação de laços profundos e uma comunicação sincera com as pessoas que compõem suas relações, podendo gerar uma sensação de isolamento e solidão. Tudo isso acaba por contribuir para a permanência e agravamento do sofrimento psíquico, o que pode desencadear outros problemas como o aparecimento de comportamentos de risco, agressividade e depressão.
Logo, é preciso reavaliar tais valores que envolvem a masculinidade, assim como confrontar o estigma ainda existente em relação à saúde mental em nossa sociedade. É necessário compreender a busca por terapia não como algo a que se deva ter vergonha ou um demérito, mas como um ato importante para um maior bem-estar e para a construção de relações saudáveis.



