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Cidades

  • Foto do escritor: Eduardo Martins
    Eduardo Martins
  • 1 de fev. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 5 de mai. de 2023

Cada dia me interesso mais sobre a forma como as cidades compõem a forma como vivemos e como enxergamos a nós mesmos. Uma das principais referenciais de nossa identificação ao contato com outras pessoas é nosso lugar de origem. A pergunta: “E de onde você é?” é algo corriqueiro entre diálogos iniciais entre duas pessoas. E o fato de respondermos: “Sou Recifense, Portoalegrense, Paulistano...” Me pergunto o quanto isso diz mesmo de nós, e quais representações surgem na mente das pessoas ao obterem tal resposta.

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Creio que as cidades, de fato, são também formadoras do modo como vivenciamos nosso dia a dia, como nos formamos sujeitos, como nos sentimos. Os pontos de encontro, de lazer, as oportunidades de trabalho, de moradia, a maneira como realizamos nossos deslocamentos, as segregações existentes dentro do corpo da cidade... Esses fatores dizem muito sobre nossos modos de vida, assim como também os determinam.


Uma amiga uma vez me sugeriu para caminhar pelas ruas atentando-se aos pequenos recortes das falas de pessoas que passavam. Ao realizar esse exercício, ouvi da demora do ônibus, do cansaço que é voltar pra casa depois do trabalho, da violência urbana que fere e retrai o povo, de como fez um dia bonito no último final de semana na praia ou no parque, do novo mercadinho que abriu em tal rua... Tudo isso reflete o lugar onde se está: a cidade é assunto. As alegrias, as tristezas, as surpresas e as dores se dão em meio a um contexto, ao qual o ambiente urbano também está inserido. Estamos o tempo todo nos referenciando a onde vivemos, porque esse lugar também faz parte de nós.


A partir disso, pego-me pensando sobre os choques e consonâncias ao se ver pertencente a um novo espaço. Como tudo aquilo que a gente aprendeu e viveu em um determinado lugar se encontra com modos de vida e cultura de outros, e como a gente se observa no meio disso tudo. Penso que uma mudança de cidade parte também de uma mudança no modo de enxergar a si próprio.

 
 
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