A respeito do Amor
- Eduardo Martins

- 29 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 12 de jun. de 2023
Desde a infância somos acostumados com a ideia de Amor Romântico. Nos filmes que assistimos e nos contos que ouvimos, geralmente a angústia está em encontrar a pessoa sonhada ou no processo de estabelecer a relação em meio às adversidades. No entanto, no momento em que o relacionamento se vê estabelecido, é quando se finaliza a história e se assume que os cônjuges foram felizes para sempre ao lado um do outro. Como se esse “felizes para sempre” fosse o curso natural de uma relação.

Tal concepção de Amor é amplamente difundida na cultura e todos nós, em algum grau, somos também atravessados por ela. Não é à toa que quando se inicia uma nova relação acabamos por idealizar a pessoa, vestindo-a com todos os atributos e qualidades que gostaríamos de encontrar na pessoa amada. E fazemos de tudo para que essa imagem se sustente. No entanto, cada um acaba naturalmente por resistir ao ideal do outro. Ao longo do aprofundamento da relação, acabamos também por conhecer coisas no outro que nos desagradam e que fogem às nossas expectativas. Afinal, nunca temos plena ciência de como nossas palavras e gestos chegam até o outro lado.
Amar alguém talvez consista justamente em irmos nos desfazendo de tais idealizações e aprendendo a receber e acolher aquilo que escapa ao nosso ideal. É abrir mão das tentativas de impressão de nossa própria imagem no outro, é reconhecer que o desejo é intrinsecamente ligado à falta. Afinal, uma possível satisfação plena não deseja mais nada, é totalizante, não sobra espaço.
É justamente essa falta, esses desencaixes na relação, que permite que ela se movimente e nos brinde com novas formas de conhecer uma mesma pessoa.



